Uma aula diferente marcou o início do segundo bimestre para os estudantes do 1º período das turmas A e B da graduação em Direito da FDV. Integrando a disciplina Estado e Constituição, ministrada pelo professor Nelson Camatta Moreira, a atividade especial uniu Direito, História e Música em uma proposta transdisciplinar.
Intitulada “História das Constituições Brasileiras e Música”, a atividade teve como convidado o professor e doutor pela FDV Rodrigo Francisco de Paula. Atualmente ele é pesquisador de pós-doutorado sob orientação do prof. Nelson Camatta. Rodrigo também é procurador do Estado e trouxe para a aula uma abordagem inovadora: analisar as sete Constituições brasileiras por meio de ritmos, letras e movimentos da música popular brasileira.
Durante o encontro, os alunos puderam assistir a vídeos selecionados, com o apoio de recursos audiovisuais, e participar ativamente de reflexões e diálogos que estabeleceram conexões entre os textos constitucionais de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988 e os contextos culturais e políticos expressos na música de suas respectivas épocas.
A proposta não apenas reforçou o conteúdo programático da disciplina, como também estimulou os estudantes a desenvolver uma visão crítica e sensível sobre a construção histórica do Direito Constitucional no Brasil. Como parte da avaliação do bimestre, os alunos realizarão ainda pesquisas e relatórios a partir da experiência vivida em sala.
Para a estudante Ana Karolina Apolori, a atividade foi marcante:
História das Constituições Brasileiras e Música” do Professor Nelson Camatta Moreira com a participação do Professor Rodrigo Francisco de Paula foi como afinar nossos ouvidos para escutar o que os livros de Direito, muitas vezes, silenciam. Em pleno 2025, quando vemos tantas tensões sociais, disputas democráticas e manifestações culturais emergindo com força na sociedade e no universo digital, ficou ainda mais evidente que Constituição também se canta, se protesta e se reinventa. As músicas analisadas — como ‘Cálice’, ‘Pra Não Dizer que Não Falei das Flores’ e até os versos de resistência que circulam hoje no rap e no funk — mostram que, mesmo quando o Direito falha em garantir voz a todos, a arte ocupa esse lugar. A aula foi um lembrete de que o Brasil ainda escreve sua história constitucional com letra, com pauta e com batida.
E para Lívia Daleprani Mognato:
A aula expositiva lecionada pelo professor Doutor Rodrigo Francisco de Paula revelou a história das constituições brasileiras de forma não-óbvia: as sete constituições e sua relação com a música, como forma de elucidar como era o contexto jurídico, evidenciado na positivação de normas constitucionais, e o contexto social vivenciado pelos “cidadãos” brasileiros. Nesse sentido, a experiência proporcionada na aula de Estado e Constituição evidenciou a música como um aspecto fundamental para compreender o Direito, haja vista que tal aparato pode ser utilizado para narrar a história constitucional, revelando que a produção musical de época pode ser usada para conhecer determinado período histórico e para revelar as verdadeiras condições socioculturais as quais o povo estava submetido e como o Direito se relacionava com esse contexto real. Foi formidável ter essa visão para além da literatura jurídica, haja vista que a música é a forma de arte que compõe o imaginário do povo.
A FDV valoriza iniciativas que estimulam o protagonismo discente, a interdisciplinaridade e o diálogo entre saberes. A atividade reforça o compromisso da instituição com uma formação jurídica crítica, humanista e conectada com a cultura.





